quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

sem título

Um dia fecharam os olhos pra olhar mais além do que se vê. Um escuro de vidas estampado num banco do metrô é o que se enxergava de longe. Um espaço vazio, palavras sem nexo numa dose aguçada de solidão, uma guilhotina, fantoches de papel. O bater da porta no apartamento desabitado vem do vento soprando do noroeste ao seu encontro. Se esconder do amanhã.
Uma xícara de café, por favor. O tédio consome o cigarro em menos de cinco minutos. Amargo e forte.
Palavras tornam-se gritos e o vento as leva pra um lugar qualquer, estranho do que é conhecido e vendido ao acaso.
É tão simples de se expressar, mas mesmo assim eu sinto muito pelo o que eu não disse. Talvez o que ficou subentendido tenha sido subestimado e o acaso passa por aquela mesma rua novamente. Fria e Escura.
É como olhar pra baixo de cima de uma cachoeira. Alto e inquietante. Ao mesmo tempo que te imobiliza te faz sentir o corpo estremecer por dentro, uma vontade de voar que te cala e um calafrio na espinha que faz sentir medo do que é desconhecido.
Voar pra longe, ser dono das suas próprias asas e não permitir que aquele mesmo vento noroeste te derrube ou te leve para onde não é caminho, consequentemente o domina. O inevitável.
Seria estranho se fosse diferente, mas é tal estranheza do que está aqui que mesmo assim me faz seguir. O mesmo receio de pisar mais a frente e temê-lo.
Fim de tarde. Os últimos raios de sol ainda tocam a grama e a brisa que transparece a minha alma tenta levar-me de volta. Talvez não pra perto da onde um coração destinado a simplesmente bater sem harmonia por um algo a mais, sublime e apaixonante queira estar, como dois opostos que se atraem revoltantemente, mas para longe do que se espera, um encontro sinceramente real, mais que carnal, como do espírito e matéria, tudo que se completa, a noite e o dia, o bem e o mal, o pleno equilíbrio da vida.
Inconstância, dúvida, ação, sentimento, reação, impacto, atitude.
Crescer, evoluir, observar, se entregar ao mais profundo. Encontrá-lo. Conhecê-lo. Intensidade, realidade, razão. Planos são pra mais tarde, objetividade. Finalidade, concentração.
O belo tornou-se banal, o feio é moldado por um sistema julgado correto, ‘relevantemente’ corrompido. Uma pocilga de máscaras que cobre fajutamente o verdadeiro rosto da falsidade e de tudo que torna o humano tão igual e diferente. A beleza agora não é intrínseca.
Imposto, crítico, inaproveitável.
Transcendência, sintonia, vibração, energia. O acaso transforma, é inconseqüente, incoerente.
Liberdade tão prezada, mas jogada fora como entrar numa redoma de vidro e deixar que controlem como um jogo de tabuleiro, mas que nem sempre a sorte é a senhora do tempo.
Seu ego é maior que o senso comum, apesar de suas contradições. Você é quem querem que seja, por mais forte que seja tua personalidade. Influenciável. Seguidor de padrões. Um babaca obstinado a sofrer.
E é depois de abrir os olhos é que se pode perceber que não se enxerga ainda um palmo na tua frente. Troque os papéis. O físico é o obscuro, o abstrato. Olhe como se tudo fosse um quebra cabeças, mas não tão metódico e cheio de regrinhas, mas como um uma pilha de dominós que cai e derruba seus seguintes, um mínimo traço que liga todas as coisas, como uma borboleta que enriquece o teu dia, ou como um pensamento aflito que te faz cavar no fundo do poço.

~Sequelação por layla

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